segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Coisa de Anne.. coisa de mim!(Sem título)

De alguma maneira ele me fazia sentir a pessoa mais feliz do mundo, pela primeira vez em muitos anos eu não sentia medo, o amanhã era sempre uma surpresa. Eu tinha deletado aquela idéia de pensar no futuro.
Nós não fazíamos planos, não tínhamos nada programado, apenas vivíamos e éramos de fato um casal apaixonado e feliz.
Um casal apaixonado e feliz... As minhas esperanças de encontrar alguém sempre foram frustradas,quando os encontrei,de algum modo estranho e repentino eles se perderam da minha vida e quando eles me encontraram, de algum modo maluco e natural foi eu que sai da vida deles.
Ficar só tinha se tornado tão comum, até o momento em que ele surgiu, em um dia qualquer, num lugar qualquer, em uma conversa qualquer,quando eu já não esperava mais nada,e olha, eu não esperava nada havia muito tempo.
Quando nos conhecemos, não passei a noite em claro pensando nele e nem fiquei criando um milhão de histórias na minha cabeça. Quando saímos pela primeira vez, não imaginei nenhuma cena romântica nem nada disso. Até que veio nosso primeiro beijo, o que me fez esquecer imediatamente o quanto eu estava vazia, fria e dura com a vida, com os sentimentos e comigo mesma. O beijo foi incrivelmente bom, foi real, nada de pensar no que aconteceria depois.
O depois veio naturalmente, juntos nós conhecemos lugares lindos, diversas vezes vimos o sol nascer e íamos para lugares distantes só para vermos a noite cair.Eu percebi que sempre havia buscado aquilo,na verdade eu procurava mais do que o amor,eu procurava alguém para ver comigo,para viver comigo tudo aquilo que o amor representava.Pequenas coisas como por exemplo,ver a natureza,passar a tarde debaixo das cobertas trocando carinhos,assistir um filme que ambos gostavam,conhecer juntos novas pessoas e escutar boas e inesquecíveis músicas.
Eu o amava,mais do que isso,eu amava o que nós dois tínhamos construído, todos os lugares, filmes, músicas, pessoas que tínhamos conhecido. E mais do que isso, eu amava viver sem saber o que iria acontecer amanhã, só sabia que cada dia era um novo lugar, um novo momento. Não nos preocupávamos se continuaríamos ou não juntos, mas eu sabia que se em algum momento um abandonasse o outro, sempre nos lembraríamos daqueles dias, daquela vida, daquele presente. Algo tão sincero assim nunca se torna passado, levamos sempre junto com a gente.
Um casal apaixonado e feliz... Era lindo de ser ver, melhor ainda era poder viver tudo aquilo. Viver a cena, viver os dias, viver com ele

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(Anne S.Guimarães)

Acompanhe o blog dela:
http://annesguimaraes.blogspot.com.br/2012/09/de-alguma-maneira-ele-me-fazia-sentir.html

Soneto de Fidelidade


De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

(Vinicius de Moraes)

Amar!


Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar!  Amar!  E não amar ninguém!

Recordar?  Esquecer?  Indiferente!...
Prender ou desprender?  É mal?  É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...


(Florbela Espanca)

sábado, 3 de novembro de 2012

Metade


Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também!



(Oswaldo Montenegro)

Estamos com Fome de Amor


Uma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.

Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.

Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".

Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.

Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.

Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Antes idiota que infeliz!

(Arnaldo Jabor)

Crônica do Amor

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.

Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no
ódio vocês combinam. Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a
menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama
este cara?

Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.

É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura
por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.

(Arnaldo Jabor)

Príncipe Encantado


Cheguei a conclusão de que talvez não exista esse lance de cara certo ou príncipe encantado. Ninguém nunca vai ser certo o bastante ao ponto de nunca errar, e muito menos príncipe o bastante ao ponto de nunca se comportar como um sapo. Todos erram, todos magoam – todos. 
E a gente vai fazer o que? Desistir? Jurar pra todo mundo que tá tirando férias permanentes do amor? Na boa, muito mais do que juras, eu quero é viver. E quero amar. Sem idealizações de cara certo, de príncipe ou metade da laranja. 
Cara certo não é certo sempre, príncipe é só um título e metade da laranja é pra comer. E não, não é pessimismo, muito menos síndrome de coração partido – longe disso! Meu coração nunca esteve tão inteiro. É que simplesmente cansei de exigir demais de todo mundo, cansei de viver num conto de fadas achando que o Aladim vai aparecer voando na minha janela pra me fazer feliz sempre e pra sempre. 
Não dá, é cansativo esperar só coisas boas – e patético também. Se errar é humano, quem sou eu pra querer alguém que nunca me faça chorar antes de dormir? Não tem jeito, amar é lindo, mas sofrer não é e nunca foi opcional. É consequência! 
E se for pra sofrer, uma vez ou outra, por causa de um cara que me faz me sentir uma princesa, mesmo que ele não seja um príncipe, tá ótimo, tá perfeito. Mas que fique claro, não tô falando que sofrer por qualquer carinha vale a pena não – só vale a pena quando ele faz valer. Por isso, chega de esperar o Aladim ou de viver deixando sapatinho de cristal perdido por aí, pra ver se o príncipe vem entregar – o cara certo vai ser aquele que, mesmo cheio de coisas erradas, vai conseguir fazer eu me sentir a mulher certa. Simples assim! 

(Autor desconhecido)